Estes instrumentos, encomendados pelo primeiro Diretor do Observatório Meteorológico e Magnético da Universidade de Coimbra (OMMUC), Jacinto António de Sousa (1818-1880) em Londres, compreendiam um declinógrafo, um magnetógrafo bifilar para medir a componente horizontal do campo magnético terrestre, e um magnetógrafo vertical. Os instrumentos foram instalados na cave do edifício principal do OMMUC na Avenida Dr Dias da Silva, apoiados em três pilares, numa instalação semelhante à do Observatório de Kew (Inglaterra).
De uma forma simples, os magnetógrafos de Adie eram constituídos por um sistema de três magnetómetros (dois com magnetes suspensos em fios, no caso de H e D, e um com o magnete equilibrado num dispositivo tipo balança, no caso de Z), uma fonte de luz (gás), e um sistema de registo fotográfico com três tambores acionados por um mecanismo de relojoaria.
Cada um dos magnetes tinha um pequeno espelho acoplado que refletia o raio luminoso proveniente da fonte de luz. O raio refletido era feito convergir, por um sistema de lentes, no papel fotográfico do tambor em movimento. Assim ficavam registados de forma contínua os desvios dos magnetes em resposta às variações do campo magnético terrestre, tendo esse registo a designação de magnetograma. Um outro raio luminoso refletido dum espelho fixo desenhava uma linha reta no magnetograma, para definir a respetiva linha de base.
Equipamento utilizado: Magnetógrafo de Adie
Tipo de registo: Curvas dos magnetogramas em papel
Período de registo: 1867 a 1933
Local de aquisição: Alto da Cumeada, Av. Dr. Dias da Silva, Coimbra, Portugal
Localização geográfica: 40º 12.4' N, 8º 25.4’ W, 140 m altitude
Componentes registadas: Declinação, componentes Horizontal e Vertical
Dimensão máx. registo: 11 cm x 45 cm
Interrupções: outubro de 1882 a agosto de 1885
A escala horizontal (tempo) era determinada pela velocidade (uniforme) de rotação do tambor de registo. As folhas de registo eram colocadas diariamente por volta do meio-dia (hora local) e o registo era feito com um andamento de ~15,5 mm/h.
A escala vertical da componente D manteve-se a mesma ao longo de toda a série, com o valor
dD ('/mm) = 1,13
A escala vertical da componente H foi variando ao longo do tempo, de acordo com:
A escala vertical da componente Z foi variando ao longo do tempo, de acordo com:
A digitalização do conjunto de magnetogramas da coleção foi realizada pela empresa Scan System, no âmbito do projeto 'COIMAG-BASE: Coimbra historical magnetograms' database’ coordenado por Alexandra Pais e Paulo Ribeiro do OGAUC. A disponibilização online contou com a equipa de Ana Maria Miguéis, Ana Luisa Silva e Bruno Neves da BGUC. Joana Domingues fez a revisão das digitalizações. O projeto foi financiado pelo SCOSTEP através do programa PRESTO ('Predictability of the Solar-Terrestrial Coupling’), edição 2021. O Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra (CITEUC) contribuiu financeiramente (FCT: UID/MULTI/00611/2020).